A crise tem feito muitas empresas fecharem suas portas. Mas
como recuperá-las e evitar que fechem suas portas? O assunto é tão sério que é
suportado pela Lei 11.101/2005 – Lei de Recuperação de Empresas e Falência.
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A
medida prevê solucionar conflitos privados e salvaguardar empresas, assegurando
sua finalidade social, ou seja, a manutenção de empregos e a geração de
riquezas ao país. O encerramento de uma companhia resulta não só em prejuízos
corporativos, mas também em danos à sociedade, com a redução de empregos
diretos e indiretos.
No caso das micro e pequenas empresas, quais aspectos da
gestão empresarial precisam ser analisados para a recuperação de seus negócios?
Em uma primeira análise, podemos citar os processos de gestão que, por terem
sido realizados de forma inadequada ou negligenciados, foram responsáveis por
deixar a empresa vulnerável. Aprimorá-los pressupõe certas competências,
como identificação das necessidades dos
clientes, análise e solução de problemas, fixação de objetivos, alocação de recursos
e pessoas, negociação, tomada de decisão, adequação dos custos e preservação do
conhecimento.
Na reestruturação de seu negócio, é indispensável
transparência junto aos credores, e também na prestação de contas ao
administrador judicial. Além disso, devem ser analisados os pontos críticos da
gestão, para que a situação econômico-financeira não se agrave ainda mais.
Conheça abaixo os principais processos a serem considerados na hora de fazer o
resgate da empresa.
1. Gestão da produção: Ter estoques elevados, com as taxas
de juros atuais, é uma da sete perdas da produção enxuta, que são decorrentes
de planejamento e controle da produção ineficientes. Essas perdas normalmente
absorvem capital de giro, que fica parado dentro da empresa, sujeito a riscos e
à deterioração. O problema fica ainda mais grave se esse recurso vier de fontes
externas, e a empresa estiver pagando juros pelo seu uso. Deve-se considerar,
também, se não estão ocorrendo desperdícios com transportes ou movimentações de
materiais desnecessários, que tomam tempo e consomem recursos. Outro ponto de
atenção é perda de produção por conta de itens defeituosos. Auditorias internas
podem servir para assegurar o cumprimento dos padrões, quando existentes.
2. Gestão das finanças: É importante controlar o fluxo de
caixa, e não apenas o montante de receitas e de despesas. Muitas vezes, a
simples gestão sobre as entradas de recursos e de contas a serem pagas evita a
necessidade de contrair empréstimos – e, consequentemente, o pagamento de
juros, que absorvem recursos vitais para a companhia. Podem ser necessários
também ajustes na política de concessão de crédito, trazendo um reflexo
positivo sobre a inadimplência. As medidas podem abranger, ainda, a revisão e a
negociação de prazo para pagamento de clientes e fornecedores. Eventualmente,
pode ser preciso identificar novos parceiros, em condições de crédito mais
favoráveis.
3. Gestão de pessoas: É importante engajar a equipe na
redução de despesas e na busca por uma maior produtividade. Isso pressupõe a
otimização da estrutura organizacional, com a redistribuição de tarefas,
considerando as competências de cada um. Não se trata apenas da redução de
custos, mas também da busca de oportunidades que possam aumentar a percepção de
valor pelo público-alvo – e, com isso, alavancar os resultados. O conhecimento
sobre as necessidades e expectativas reais dos clientes, além de tendências de
mercado e das novas tecnologias, pode contribuir para o desenvolvimento de
novos produtos ou para a melhoria dos existentes. Pressupõe-se, ainda, sinergia
interna, identificação e tratamento de gargalos, compreensão da missão, visão,
valores e objetivos organizacionais.
4. Gestão dos custos e precificação: É preciso identificar e
reduzir os custos fixos, variáveis, diretos e indiretos e as despesas
administrativas. Isso pode
envolver, por exemplo, a
redução/substituição de matérias-primas que não causem impacto na qualidade
final dos produtos e serviços. É importante implementar campanhas para a
redução de consumo de água, energia, telefone. Também é fundamental diminuir a
reprodução de documentos, fazendo o seu envio em forma digital, na medida do
possível. Cabe ainda buscar conhecimento sobre mecanismos disponíveis para
redução da carga tributária, parcelamento de dívidas etc. Considere a participação em entidades de
classe, com o objetivo de lutar pela redução da burocracia e por uma tributação
mais justa do setor.
Consciente de seu papel e da sua responsabilidade no
processo de recuperação da empresa, o empresário poderá postular,
paralelamente, seu pedido de recuperação junto aos órgãos competentes, conforme
lei pertinente, apresentando as documentações necessárias.
Fonte: “Pequenas empresas & grandes negócios”, 16 de
março de 2016.
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