Líder indígena presenteou Lula com um cocar em 2006
A investigação da operação Lava Jato sobre a mudança e o
armazenamento do acervo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levanta
algumas questões. O que um presidente pode levar dos palácios de Brasília
quando seu mandato termina? Quem paga as despesas da mudança? O que é feito com
o acervo de um ex-presidente?
Uma lei assinada em 1991 pelo então presidente Fernando
Collor (atual senador pelo PTB-AL) e um decreto de 2002, no governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), tratam da preservação, organização e proteção dos
acervos dos presidentes.
Um ex-presidente pode levar seus objetos e documentos,
inclusive presentes recebidos ao longo do mandato, mas há exceções. Ele não
pode transportar documentos produzidos durante a gestão, como originais de
leis, nem objetos recebidos em cerimônias de troca de presentes com chefes de
Estado e de governo. Documentos produzidos nesses encontros também não podem
ser levados.
Ou seja, presentes dados por cidadãos, empresas e entidades
ficam com o ex-presidente. Presentes dados por representantes de outros países
em cerimônias oficiais ficam com a União. Estes podem permanecer no Palácio do
Planalto, em Brasília, ou serem direcionados para o Arquivo Nacional e o Museu
da República, no Rio de Janeiro.
Os documentos e objetos devem ser catalogados pela
Secretaria de Documentação Histórica da Presidência da República. Ao fim da
gestão, cabe à Presidência providenciar e pagar a mudança do ex-presidente.
Empresas podem apoiar ex-presidentes
Feita a mudança, o ex-mandatário passa a ser o responsável
pelo acervo e a ter a obrigação de preservá-lo. Apesar de ser particular, o
acervo de um ex-presidente é declarado de interesse público e componente do
patrimônio cultural brasileiro, inclusive a parte acumulada antes de ele ocupar
a presidência. Caso ele decida vender o acervo, a União tem direito de
preferência.
De acordo com a legislação, uma comissão destinada a
preservar a memória dos presidentes acompanha a manutenção dos acervos dos
ex-mandatários. Ela é formada por representantes do Arquivo Nacional, do
Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural e do Departamento de Documentação
da Secretaria-Geral da Presidência, entre outros.
A lei afirma que uma das funções da comissão é
"estimular a iniciativa privada a colaborar com os mantenedores de
acervos, para a preservação, divulgação e acesso público". Entretanto, o
ex-presidente não é obrigado a expor o acervo.
Conforme a legislação, Lula e Fernando Henrique criaram
institutos para cuidar das memórias de seus mandatos, entre outros objetivos, e
contam com o recebimento de doações em dinheiro para mantê-los. Também existe o
Instituto Itamar Franco, em Juiz de Fora (MG)
Os institutos Lula e FHC dizem que as respectivas mudanças
foram pagas pela Presidência, como manda a lei. Quando assumiram os acervos, os
dois institutos tiveram de pagar pelo armazenamento de parte dos objetos porque
seus imóveis não comportavam as coleções completas.
A suspeita sobre Lula
No caso de Lula, o pagamento pelo armazenamento foi feito
pela empreiteira OAS, o que levantou a suspeita do Ministério Público Federal. Os
objetos ficaram armazenados com a empresa Granero de janeiro de 2011 a janeiro
de 2016. Ao longo de cinco anos, a OAS pagou aproximadamente R$ 1,3 milhão pelo
serviço, o que dá R$ 21.600 por mês.
Os procuradores dizem que o documento foi falsificado
"para dele constar que se tratava de armazenagem de materiais de
escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS".
De acordo com reportagem da "Folha de S.Paulo", o
presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou à Polícia Federal que o
pagamento feito pela OAS foi uma espécie de doação.
Em janeiro, os dez contêineres com objetos do ex-presidente
Lula foram transferidos para um depósito do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Paulista, em São Bernardo do Campo. Na página do instituto na internet, é
possível ver parte dos documentos, fotos e vídeos que compõem o acervo do
petista, mas a entidade ainda não tem uma solução para organizar todo o
memorial.
A assessoria de Lula também informou que partes menores do
acervo estão no apartamento em que o ex-presidente mora, em São Bernardo,
"e no Sítio Santa Bárbara [em Atibaia], com anuência dos
proprietários".
Após prestar depoimento do dia 4, Lula afirmou em discurso
feito na sede do PT, no centro de São Paulo, que foi o presidente que mais
ganhou presentes na história e lembrou ter recebido até um trono africano.
FHC também guarda presentes
Atualmente, o acervo de Fernando Henrique está guardado na
sede do Instituto FHC, no centro de São Paulo. Em relação ao período
presidencial, há, por exemplo, cerca de 1.500 objetos, incluindo presentes
dados ao tucano por cidadãos e autoridades nacionais e estrangeiras.
O acervo também contém documentos e livros acumulados
durante toda a trajetória do ex-presidente. Parte dos documentos foi
digitalizada e pode ser pesquisada na página do instituto na internet.
Fonte/Uol Políticas
0 comentários:
Postar um comentário
Regras do site:
Não serão aceitos comentários que:
1. Sejam agressivos ou ofensivos, mesmo que de um comentarista para outro; ou contenham palavrões, insultos;
2. Não tenham relação com a nota publicada pelo Site.
Atenção: só serão disponibilizados no site os comentários que respeitarem as regras acima expostas.
3.Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog Paulo José.
É LEI NO BRASIL – Todo jornalista tem o direito constitucional de revelar denúncias recebidas de fontes anônimas e manter o sigilo sobre elas.