Câmara aprova Projeto de Lei de Valdir Veloso que altera nome da Rua Mascarenha de Moraes

Fica denominada "Rua José Bispo dos Santos – ''Sergipe da Revista" a atual Rua Mascarenhas de Moraes, situada no centro urbano de Camacan.

Na votação em plenário que ocorreu nessa quarta-feira(27),o Vereador Valdir Veloso(UB)teve o projeto de lei que altera nome de rua em Camacan aprovado pelos parlamentares da Câmara Municipal.

No PL Nº 004/25,o vereador dispõe sobre denominação de logradouro público,alterando o nome da RUA Marechal João Batista Mascarenhas de Moraes,no Centro,que passa a denominar-se Rua José Bispo dos Santos – Sergipe da Revista.

Na justificativa,Valdir explica que esta é uma homenagem póstuma a Seu Sergipe,que foi um dos pioneiros do município e morador por muitos anos,deixando,além da família,muitos amigos na comunidade.

PROJETO DE LEI No. 004/2025 

JUSTIFICATIVA 

A presente proposição tem por objeto denominar logradouro público desta cidade de Camacã‐BA como “Rua José Bispo dos Santos –''Sergipe da Revista”,prestando merecida homenagem a um cidadão cuja trajetória se confunde com a formação cultural do nosso município.
José Bispo dos Santos,nascido em 31 de maio de 1928,em Itabaianinha‐SE,chegou ao sul da Bahia na década de 1940,fixando‐se em Camacã nos anos 1950.Fugindo da seca e de origens humildes,trouxe consigo apenas a determinação,o amor pelo trabalho e o fascínio pelos impressos(revistas,jornais etc).Aqui,ergueu a primeira banca de jornais,revistas e bilhetes de loteria ainda na rua Antônio Pereira;em seguida,manteve‐se no terreno que hoje abriga as escadarias da igreja matriz,depois no espaço do atual Banco do Nordeste e,por derradeiro,na rua Mascarenhas de Morais,onde permaneceu durante mais de quatro décadas.Além disso,montou uma pequena delicatessen—mistura de mercadinho e hortifruti— onde se vendiam frutas,caldo de cana,amendoim,quebra‐queixo e,sobretudo,informação:Folha de S.Paulo,A Tarde,Tribuna da Bahia,revistas Contigo,Manchete, Placar,Sétimo céu,romances de bolso (Sabrina, Bianca, Júlia) e uma coleção inesquecível de gibis de Walt Disney, Marvel e Turma da Mônica.
Semianalfabeto,mas “visionário da cultura”,

O definiu o cidadão José Valmiro dos Santos,José Bispo derrubou preconceitos contra histórias em quadrinhos e revistas populares,estimulando o hábito da leitura em crianças, jovens e adultos. Muitos aprenderam as primeiras letras folheando os exemplares pendurados em barbantes em sua banca;outros ampliaram horizontes intelectuais graças às publicações que ele buscava nas distribuidoras na cidade de Itabuna.Desempenhou,assim,verdadeira função pedagógica e social,tornando‐se referência para gerações que viram na leitura uma porta de entrada para o conhecimento.

Paralelamente à relevância cultural, “Sergipe da Revista” deixou exemplo de retidão moral: pai de nove filhos,nunca perdeu a serenidade que lhe inspirava o lema que repetia com orgulho — “nunca dei um tapa,nunca levei e nunca fui chamado de vagabundo”. 

Com o fruto de seu trabalho,ofereceu aos filhos o que ele mesmo não pôde concluir: o estudo. Construiu patrimônio modesto,porém digno,e ganhou respeito unânime da comunidade pela honestidade, simplicidade e espírito solidário.
Sua banca tornou‐se ponto de encontro,espaço de conversa e difusão de ideias; em suma,patrimônio imaterial de Camacã.Mesmo após o declínio natural do negócio,ocasionado pela modernização dos meios de comunicação,permaneceu símbolo vivo de perseverança e amor à cidade.Tinha o sonho de,depois da aposentadoria,viver à beira‐mar balançando‐se numa rede e tomando água de coco; não o realizou por completo,mas viajou muito e, em suas próprias palavras,“viveu feliz e realizado na medida do possível”.

Diante de tais fatos,a denominação proposta ultrapassa mero ato administrativo:representa o reconhecimento oficial a quem,com banca de revistas,conectou Camacan ao mundo da informação,democratizou o acesso à leitura e contribuiu para a formação cidadã de milhares de munícipes.Assim,conclamamos aos nobres pares a aprovarem este Projeto de Lei,perpetuando na memória urbana o nome de José Bispo dos Santos – Sergipe da Revista,para que sua história inspire as presentes e futuras gerações a valorizar a cultura,o trabalho e a dignidade humana.

 

QUEM FOI MASCARENHA DE MORAES

Marechal João Batista Mascarenhas de Moraes foi um destacado líder militar brasileiro,conhecido por sua atuação na Segunda Guerra Mundial como comandante da Força Expedicionária Brasileira(FEB).Ele nasceu em 13 de novembro de 1883,em São Gabriel,Rio Grande do Sul,e faleceu em 17 de setembro de 1968, no Rio de Janeiro.

Carreira Militar
Mascarenhas de Moraes iniciou sua carreira militar em 1899,na Escola Preparatória e Tática de Rio Pardo,no Rio Grande do Sul.Ele ascendeu rapidamente na hierarquia militar,tornando-se Marechal,o mais alto posto do Exército Brasileiro.Durante a Segunda Guerra Mundial,ele liderou a FEB na Itália,conquistando vitórias importantes em Monte Castelo,Castelnuovo,Montese e Fornovo.

 Legado
Mascarenhas de Moraes é lembrado por sua liderança exemplar,ética e compromisso com a missão.Ele recebeu 27 condecorações,incluindo 11 nacionais e 16 internacionais.Seu nome batiza a 1ª Divisão de Exército, que carrega as tradições da FEB.Além disso,uma usina hidrelétrica localizada no rio Grande,entre as usinas de Furnas e Luiz Carlos Barreto de Carvalho,também leva seu nome em homenagem ao seu legado 

Esta é a Rua Mascarenha de Moraes,fotografada na tarde desta quarta-feira,27 de agosto de 2025,por Paulo José