oto: Reprodução
Ex-modelo Oneida foi capa da Playboy de junho de 1980; na publicação foi tratada como o caso amoroso do Pelé
Um automóvel de cor preta está estacionado em uma tranquila rua de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ele não chama a atenção dos pedestres, mas moradores e funcionários do bairro sabem que o carro virou a casa da ex-modelo Oneida Teixeira, que ganhou o título de “morena que endoidou Pelé”, frase estampada na capa da revista "Playboy" de junho de 1980. Em outras publicações do mesmo ano, ela foi citada ainda como "o caso secreto" do craque.
“Eu considero [que tivemos] um namoro, mas ele deve ver só como uma ficada”, disse ela ao iG na quarta-feira (26.11), ressaltando que não pretende usar o caso com o jogador para sair das ruas.
Segundo ela, o drama começou há oito meses, após perder tudo o que tinha para a irmã em longas batalhas judiciais. Oneida foi então despejada do mesmo endereço onde ainda estaciona o seu único bem, um Polo preto. “Tudo o que eu tenho coloquei aqui. Meu carro é minha cozinha, farmácia e sala”, explicou.
Falando sobre a melhor fase de sua vida, “quando tinha três empregadas”, a ex-modelo relembrou viagens internacionais em primeira classe e visitas a Cuba. Hoje, aos 55 anos, ela mantém no console do veículo restos de alimentos, copos sujos, remédios e adereços para prender os longos cabelos. O forte cheiro incomoda, mas perde espaço para a dura realidade de Oneida, que chorou quando narrava a recente história.
“Nasci com uma casa, nunca me vi nessa situação. Percebi que meus amigos milionários se foram. Não sobrou nenhum. Só recebo ajuda de pessoas humildes, como porteiros e faxineiras”, contou com a voz embargada. “Ajuda quem menos tem para compartilhar.”
E essa ajuda vem em forma de pratos de comida, idas ao banheiro e até convite para a ceia de Natal. “Pensei que iria passar sozinha neste ano. Pedi ao Espírito Santo que não deixasse isso acontecer.” Com as dificuldades, o apego pela religião ganhou força e Oneida não abandona um terço de madeira, colocado no retrovisor.
O porteiro do prédio em frente defende Oneida como a vítima de uma “família mau caráter”. “Tiraram tudo dela. Ajudo como posso porque é muito triste ver a rasteira que sofreu.” Já um segundo funcionário é mais cético, mas sempre consegue copos com água para ela.
“É uma história de louco. Às vezes me pergunto se ela não tem problema mental. Passa dia e passa noite ela está ali dentro do carro. Cadê os filhos dessa mulher?”, questiona. Ela diz ter dois, que estão bem resolvidos, porém distantes.
A filha Vivien, garantiu Oneida, é modelo e mora em Londres. O outro filho Marco Antônio trabalha como gerente de uma loja. No meio da entrevista, ela recebeu uma ligação de Vivien a convidando para morar no exterior por um tempo e "tentar sair do carro".
Ao falar brevemente com a reportagem, a filha se defendeu: "Há sempre dois lados em uma história. Tentamos ajudá-la. Mandamos dinheiro. Mas às vezes parece que ela não quer. Só quero que minha tia sofra as consequências do que fez com a minha mãe".
Oneida é vista caminhando em rua do bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Foto: Carolina Garcia/iG São Paulo
Os detalhes e os motivos da briga familiar que levaram Oneida a viver em seu carro ainda não estão claros. Em um segundo encontro com o iG, na quinta-feira (27.11), a ex-modelo mostrou momentos de confusão ao mencionar a irmã.
No primeiro momento, Oneida disse que foi recentemente ao psiquiatra a pedido da família. Minutos depois, recuou e esclareceu que não tinha contato com a irmã "há muitos anos". "Acho que essa situação me abalou muito porque já esqueci muita coisa. Não sou louca, mas posso ficar daqui uns dias vivendo desse jeito."
“Quer fazer um pouco de sexo?”
O sono dentro do carro nunca foi tranquilo, seja pelas preocupações financeiras ou pelo medo de ser atacada à noite. Na semana passada, sofreu uma de suas piores madrugadas.
Foi quando um homem desconhecido bateu no vidro do carro e perguntou: “Quer fazer um pouco de sexo?”. Assustada, Oneida reagiu: “Ah, vá para p... que p...”. “Ele foi embora, mas morri de medo de sofrer alguma violência. Preciso sair dessa vida, não dá mais.”
Para não passar o dia inteiro dentro do Polo, Oneida caminha pelas ruas de Pinheiros para “esticar as pernas” e entregar currículos. No entanto, a ausência de um endereço virou um empecilho para encontrar um trabalho.
“Acabo mentindo, coloco meu enderenço antigo, aí descobrem que é uma empresa de engenharia e perco a oportunidade. Sou bacharel em direito, falo espanhol, mas a idade não ajuda”, explica ressaltando ainda que sentia dores no corpo após uma longa jornada passando roupas para uma amiga. "Ela pagou para me ajudar."
O iG procurou a irmã de Oneida para esclarecer os detalhes da briga familiar e os motivos do despejo. No primeiro contato - pedindo para não ser identificada - , ela confirmou um grave desentendimento entre as duas, mas disse que não daria esclarecimentos sobre a briga porque já não se falam há muito tempo.
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